09/11/2015

A ameaça de chuva na manhã deste domingo, 08, não afastou os 1.840 inscritos para as provas de curta e duração da I Corrida e Caminhada Não Aceito Corrupção realizada na zona oeste da capital paulista. Ao todo, entre esportistas e organizadores, quase duas mil pessoas participaram do evento que marcou o pré-lançamento do Instituto Não Aceito Corrupção (INAC), originado da campanha nacional de mesmo nome promovida pelo Movimento do Ministério Público Democrático (MPD) desde 2012. O INAC visa desenvolver pesquisas, projetos educacionais e de políticas públicas apartidárias para conscientizar a sociedade sobre o problema e propor novos caminhos ao enfrentamento do ilícito.

Para a presidente do MPD, Laila Shukair, o evento reflete um movimento de indignação, mas, ao mesmo tempo, de esperança em quebrar a cultura da corrupção no país. Segundo afirma, os brasileiros podem desempenhar papeis importantes diante do problema ao se conscientizarem e, igualmente, colaborarem com denúncias de práticas ilícitas, de desvios de verba pública ou de exigências ilícitas de servidores públicos. Na realidade, o mais importante de tudo é construir, junto com a sociedade brasileira, um Brasil mais ético. É o que esperamos. “

Já o presidente do INAC, Roberto Livianu, comemorou o número de participações e anunciou que a segunda edição está agendada para o dia 04 de dezembro de 2016. “Eu tenho certeza que a Corrida e Caminhada veio para ficar e que, a cada ano, será melhor porque a corrupção é inaceitável. Ela não é natural e o Brasil não aceita mais a corrupção”. Para o promotor, cada inscrito sonhou, junto com o INAC, por um Brasil mais justo, ético, menos desigual e em “que a corrupção não seja algo natural”.

Participante da prova, o juiz de Direito Alexandre Cunha destacou que a proposta do evento conseguiu alinhar a atividade física com a preocupação da sociedade civil em relação ao seu papel no tema da corrupção. Conforme diz, o combate às práticas ilícitas não significa ser contrário a determinado governo, mas, sim, a favor da tomada de consciência sobre as ações que podem ser feitas diante da questão. “A corrupção devia ser um ponto de consenso na sociedade de que não é possível continuar vivendo com esse nível de desvio dos recursos públicos que a gente tem.“

O jornalista Heródoto Barbeiro avalia que a primeira edição foi capaz de reunir muitas pessoas em torno do coro “não queremos mais corrupção em nosso país” e, por isso, a Corrida demonstra que a cidadania está unida em torno da causa. Para Barbeiro, os papeis do Ministério Público e da Justiça são fundamentais no combate à corrupção e, portanto, acredita que essa luta conjunta “vai colocar na cadeia aqueles que, verdadeiramente, cometeram crimes.”

Campanha 10 Medidas

Durante toda a I Corrida e Caminhada Não Aceito Corrupção, foram recolhidas assinaturas de apoio à campanha 10 Medidas Contra a Corrupção encabeçada pelo Ministério Público Federal (MPF) e com apoio do MPD.

O esforço visa prevenir e coibir o uso indevido do patrimônio público, de ações de improbidade administrativa e garantir punições mais eficazes aos envolvidos com atos ilícitos. Até o momento, a iniciativa conta com quase 600 mil assinantes dos 1,5 milhões necessários para levar projetos de Lei de iniciativa popular sobre o controle da corrupção ao Congresso Nacional.