“A sigla ESG, acrônimo para Environment, Social and Governance, que na sua versão em português é traduzida para Ambiental, Social e Governança, tem entrado definitivamente no foco das grandes empresas nacionais. Os temas, que são dominantes no âmbito do mundo desenvolvido, cobram dos agentes privados, uma nova visão sobre a função das empresas. Estas não são vistas mais, apenas, com o objetivo de lucro. A teoria de Milton Friedman e Jack Welch cederam espaço para nova abordagem, mais ampla e que encontrou esteio no âmbito das Nações Unidas. A vida não tem apenas uma finalidade, embora se manter vivo seja sempre prioridade, a vida permite uma série de outras atividades que a tornam mais rica e mais bela. Assim, também, embora o lucro, na vida empresarial, seja a seiva através da qual as empresas conseguem se perpetuar, mas, ainda aqui, a sociedade não se contenta apenas com isso. As empresas precisam ser sustentáveis no longo prazo. O lucro, solitariamente, traz uma visão imediatista que pode comprometer a própria continuidade dos negócios, daí, a necessidade de temperar o ímpeto empresarial com outras finalidades que assegurem que a conquista seja perene, e não apenas momentânea.

Muitas atividades que dão prazer à humanidade são saudáveis ao longo da vida, mas nem todas se enquadram nessa categoria. O uso abusivo de álcool e drogas estão entre os exemplos mais comuns, mas não são os únicos. Atividades nocivas e tóxicas existem as dezenas. Pois bem, para garantir a sustentabilidade das empresas ao longo da vida, criou-se uma agenda que recebeu o nome de ESG e que inclui as preocupações com as questões ambientais, sociais e de governança corporativa. Governança diz respeito ao gerenciamento da empresa e seu relacionamento com os acionistas. O aspecto social diz respeito ao relacionamento com a sociedade, com o entorno da empresa. Muitas delas, durante a pandemia, passaram a fazer doações para as comunidades nas quais estão inseridas. Não adianta ter uma empresa próspera se o entorno estiver empobrecendo e se deteriorando, aos poucos isso atingirá a empresa. Nossa casa pode ser uma mansão ou um castelo, mas se o bairro estiver em chamas a vida pode se tornar inviável. A ideia subjacente que não é clara para todos, mas muito nítida para alguns, é que estamos todos no mesmo barco. Se ele afundar, morreremos afogados. Em verdade, a imagem melhor é que estamos todos numa nave espacial, chamada Terra, e se a nave se incendiar, o prejuízo será geral.

Ricardo Prado Pires de Campos é procurador de Justiça aposentado, mestre em Direito e, atualmente, exerce a presidência do MPD – Movimento do Ministério Público Democrático. Publicou na coluna do MPD em O Estado de S. Paulo, no dia 10 de junho, o artigo intitulado “A pauta ESG e o contrabando de madeira na Amazônia“, onde fala sobre como a atividade econômica é fundamental, mas pode ser realizada conjuntamente com critérios modernos de ESG, os quais o Estado brasileiro deve observar.

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