A promotora de Justiça e associada do Movimento do Ministério Público Democrático (MPD), Celeste Leite dos Santos, escreveu um artigo para o Congresso em Foco, publicado na quinta-feira (10), intitulado “As Sapas – um manifesto no centenário da Semana de Arte Moderna”.

Leia abaixo um trecho do artigo:

“Há exatos cem anos jovens da elite paulistana decidiram praticar uma ousadia — rever os paradigmas predominantemente naturalistas e parnasianos da sociedade do século XIX. Dentre os pontos altos da semana se destaca o poema de Manoel Bandeira declamado por Ronald de Carvalho intitulado “Os Sapos”. O poema foi recebido com vaias pela plateia e se transformou em um dos maiores ícones do movimento revolucionário que proliferou em todo o Brasil. A despeito de Anita Malfatti ter sido a precursora do movimento com a crítica injustiça realizada por Monteiro Lobato que rotulou a sua arte como anormal, a gênese do movimento é predominantemente masculina e liderada por jovens da elite paulistana.

Dentro desse espírito de reflexão sobre os padrões estéticos de nossa sociedade foi declamado por esta subscritora o poema “As Sapas”, apresentado manifesto pelo professor Davi Lago que, dentre outros objetivos, inclui a questão feminina como um dos temas centrais desse século, Gabriela Araújo, uma das líderes do Manifesto Brasil Mulheres apresentou pontos prioritários na obtenção da igualdade plena entre homens e mulheres. Lembrou que o “Manifesto Antropofágico” de Oswald de Andrade já clamava pelo fim do patriarcado, embora estejamos distantes dessa realidade. Preta Ferreira apresentou a composição “Minha Carne” de sua autoria marcada pela dor e a revitimização de mulheres negras. Ao lado desse evento histórico foram apresentadas obras das artistas Antonietta Tordino, Dóris Geraldi, Fernanda Fernandes, Gaby Alves, Leila Lagonegro, Malu Mesquita, Patricia Lopes, Rose Rossetti, Silvana LaCreta Ravena, Vera Pimenta, Zetti Neuhaus e Zina Kossoy.

Durante o evento, algumas pessoas receberam homenagens por seu trabalho e apoio à arte e à cultura no Brasil: a maioria delas, mulheres, como a artista plástica e primeira-dama do Estado de São Paulo, Bia Dória; a filósofa e escritora Djamila Ribeiro; a colecionadora de artes e fundadora da Esfera Mulheres, Ana Lúcia Suplicy Funaro Camargo; a primeira-dama do município de São Paulo, Regina Carnovale Nunes; a secretária municipal de Cultura e embaixadora da Pan-African Council, Aline Torres; e a escritora e multi-artista Preta Ferreira. Preta Ferreira, aliás, fechou o evento de forma muito simbólica, com o musicista Emilio Moreira no violão, ao cantar, para uma plateia emocionada, a música de sua autoria Minha Carne, que remete à escravidão, ao racismo, e aos estigmas carregados especialmente pelas mulheres negras”.

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