“Deveria ser apenas mais uma partida de futebol oficial entre duas das principais seleções de futebol do mundo, detentoras juntas de 7 conquistas de Copas do Mundo (Brasil 5 e Argentina 2). Com o fator adicional de que no último encontro, a Argentina havia vencido e se sagrado campeã da Copa América.
No entanto, poucos minutos depois do apito inicial, cenas grotescas foram exibidas em televisão aberta para o mundo, já que quatro jogadores da seleção argentina – Emiliano Martinez, Buendía, Cristian Romero e Giovani Lo Celso – não poderiam estar em campo por razões sanitárias. Omitiram falsamente informações que estiveram em outros países nos últimos dias, ao preencherem os formulários de imigração, evitando a quarentena obrigatória de 14 dias para poder entrar no Brasil.
A ANVISA, ao detectar a fraude, afirma ter notificado a delegação argentina sobre a necessária segregação dos quatro atletas, o que teria sido aceito pelos argentinos, inclusive em reunião com CBF, CONMEBOL e Secretaria da Saúde do Estado. Porém, ao saber o órgão sanitário que não seria respeitada a restrição pelos argentinos (talvez com alguma anuência ainda desconhecida), agentes teriam tentado interceptar a delegação desde o hotel até o estádio, sem êxito, para fazer valer a determinação restritiva. A ANVISA não logrou êxito em impedir a escalação dos jogadores para a partida nem o início do jogo.
Paralelamente, a Confederação Brasileira de Futebol – CBF e a Confederação Sul-Americana de Futebol – CONMEBOL, obviamente deram aval indevido para ter início a peleja, sinalizando que “dariam um jeitinho” na situação, como se isto fosse possível. Resumo da ópera: alguns poucos minutos depois de começada a partida, agentes da ANVISA e Polícia Federal invadiram um campo de futebol, roubando a cena, interrompendo uma partida de futebol oficial, válida pelas eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar.”
Roberto Livianu é procurador de Justiça em São Paulo, doutor em Direito Penal pela USP, idealizador e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, publicou na coluna MP no Debate em O Estado de S. Paulo, no dia 6 de setembro, o artigo intitulado “O que ainda falta ser revelado na partida cancelada entre Brasil x Argentina“.
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