“O povo brasileiro, em geral, experiente, emprega a percepção para evitar prejuízos e perdas e, por isso, algumas vezes, identifica situações de risco e adota comportamentos preventivos. Essa percepção, provavelmente, é exercitada pelo brasileiro em razão das dificuldades enfrentadas no dia a dia e pode ser notada quando algum de nós fica atento ao transpor alguma localidade pública sabidamente insegura ou recusa ingerir alimento que se mostre impróprio ao consumo.
Perceber e prevenir riscos, embora demande esforço interpretativo e mudança comportamental, é compensador por gerar efeitos positivos, inclusive, no campo da saúde individual e coletiva, evitando doenças, lesões e mortes. Por exemplo, ao saber que, segundo pesquisa recente, o brasileiro é um dos povos no mundo que menos faz atividade física, se mostra importante conscientizar a população para os riscos do sedentarismo e indicar programas atraentes de exercícios físicos.
Em relação ao álcool, por se tratar de substância que não apresenta limite seguro ao uso e cujo consumo é associado a diversas doenças, é essencial oferecer informações sobre os efeitos que ele pode causar à saúde. É importante, também, reforçar o não uso do álcool por menores de 18 anos e por pessoas que não devem consumi-lo em razão de outra condição, como doença mental e gravidez, bem como desestimular tendências relativas ao consumo de múltiplas doses dessa substância em curto espaço de tempo e, ainda, enfrentar, o uso nocivo do álcool por motoristas.
Acerca dos prejuízos causados pelo modo de consumir álcool, há duas informações preocupantes que devem ser destacadas.
A primeira delas remonta ao ano de 2018, anterior à pandemia da COVID-19, que está disponível no Relatório Global sobre Álcool e Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS), apontando ser o volume de consumo médio total de álcool puro por pessoa no Brasil de 8,9 litros, enquanto a média de consumo mundial per capita dessa substância é de 6,4 litros.
A segunda informação, contemporânea à pandemia do COVID-19, extraída do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, indicou significativo aumento de 18,4% nos registros de mortes relacionadas a transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool do ano de 2019 para 2020. Referida informação indicou que em 2019 essa causa determinou 6.428 contra 7.612 mortes no ano de 2020, gerando crescimento de 1.184 mortes.”
Mário Sérgio Sobrinho é procurador de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo e membro do MPD. Nesta semana, o autor publicou na coluna do MPD no jornal O Estado de S. Paulo, o artigo intitulado “Percepção de risco e consumo de álcool”.
Clique aqui para ler a coluna na íntegra.
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