Dia Mundial do Meio Ambiente: reflexões, expectativas e o papel do ser humano

No dia 05 de junho se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data foi escolhida em Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, por ocasião da realização da Conferência de Estocolmo, na Suécia, no ano de 1.972. A criação desta data comemorativa objetivou provocar a conscientização mundial sobre o relacionamento do ser humano com as questões ambientais, foco da Conferência, em que foi aprovado, também, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Após 43 anos, questiona-se: a criação desta data alcançou seu objetivo? Estamos mais conscientes dos nossos deveres em relação ao meio ambiente?
Ao longo de todos esses anos, novas tecnologias foram desenvolvidas em uma velocidade jamais imaginada, proporcionando facilidades e comodidades de que sequer sabíamos necessitar. No mesmo ritmo, aumentaram a utilização irracional dos recursos naturais e o descarte irresponsável de resíduos e rejeitos.
Grandes catástrofes ambientais aconteceram e varreram milhares de vidas (humanas ou não) do globo terrestre. A natureza mostrou o quanto somos incapazes de controlá-la, mas capazes de interferir em seu curso de maneira agressiva e inconsequente. Com isso, surgiram novas realidades, a exemplo dos refugiados ambientais. Qual o tratamento a ser dispensado, por exemplo, aos haitianos que buscam refúgio no Brasil, após o terremoto que devastou o país em 2010?
Ao voltarmos nosso olhar para os acontecimentos dos últimos meses, é possível perceber nossa condição vulnerável nesse cenário: tanta água inundando as cidades, quase nada nas torneiras. Tantos aparelhos eletrônicos ultramodernos em nossas casas, nenhuma energia elétrica para alimentá-los.
No Dia Mundial do Meio Ambiente de 2015, que possamos encontrar meios para aproveitar o que há de positivo nesse momento de grandes crises ambientais. Que reconheçamos nossos papeis e responsabilidades, seja repensando nossas próprias condutas, seja cobrando aqueles que nos representam na condução da sociedade, para que efetivamente preservem a rica fauna, a exuberante flora, os incontáveis minérios, o ar, a água, as paisagens, os bens históricos, artísticos, culturais, dentre tantos outros elementos que tomamos por empréstimo e devemos restituir às futuras gerações.
Que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, insculpido no artigo 225 da Constituição Federal, seja finalmente efetivado e definitivamente reconhecido como um direito humano.
Que possamos, como Gaia, reagir a esse estado de coisas e assumir nossos papeis na condução de uma vida mais sustentável.

“Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,

Mas porque a amo, e amo-a por isso,

Porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem sabe por que ama, nem o que é amar…

Amar é a eterna inocência,

E a única inocência não pensar…”

(Alberto Caeiro, em “O Guardador de Rebanhos”)

Luciana Vieira Dallaqua Vinci, Promotora de Justiça, membro do MPD.

Foto: Chapada Diamantina (BA) Por Cleide Isabel – Creative Commons