A Promotora de Justiça do MPPE e diretora do departamento da Mulher do Movimento do Ministério Público Democrático, Bianca Stella Azevedo Barroso, escreveu um artigo para o Congresso em Foco, publicado nesta quinta-feira (10), intitulado “8 de Março: Políticas, Violências e Resistências”.

Leia abaixo um trecho do artigo:

“Há 47 anos, o dia 08 de março foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional da Mulher, símbolo do reconhecimento da importância das mulheres no mundo, capitaneado pelos movimentos feministas pela luta contra a violência, discriminação e busca pela igualdade de direitos entre os gêneros.

São várias as histórias que antecedem o reconhecimento deste marco específico, sendo uma delas o fato de, em 08 de março de 1857, mais de 100 mulheres terem sido carbonizadas em incêndio ocorrido em uma fábrica têxtil em Nova York, sob suspeita de ato criminoso no local onde se constatava péssimas condições de trabalho, notadamente pela falta de ventilação em razão de as janelas estarem sempre fechadas.

Outro fato histórico relevante ocorreu na Rússia em 1917 quando, em 08 de março, um grande movimento grevista feminino visou a paralisação do setor de tecelagem, sendo tal ação coletiva embrionária e precursora de várias outras mobilizações libertárias.

Na verdade, a homenagem ínsita nesta data está longe de ter um único fato marcante, haja vista decorrer de várias gerações de engajamento político de mulheres para obterem visibilidade e garantia de direitos, também está distante de ser resultado de um reconhecimento voluntário tomado por homens que permanentemente estão no poder.

Isto porque a adoção de posturas que são capazes de modificar situações arraigadas no contexto social, principalmente quando oferecem uma zona de conforto para aqueles que detêm os poderes constituídos e decisórios tradicionalmente, depende de política. E, nessa arena, a mulher sempre foi recebida como “estranha”, ou seja, sua presença é tida como “anormal” e ameaçadora de espaços.

Vale rememorar o longo trajeto enfrentado pelos movimentos femininos pela participação política das mulheres no Brasil. Um caminho marcado por violência, discriminação, invisibilidade e apagamento de contribuições consideráveis das mulheres, levando todo o arcabouço normativo do início do século XX a serviço da manutenção de uma sociedade estruturalmente patriarcal, elitista e injusta sob a perspectiva não apenas de gênero, mas social.”.

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