O nível do debate acerca dos problemas e objetivos nacionais tem deixado a desejar. Ofensas, xingamentos, ameaças e todo tipo de truculência tomaram o lugar de ideias e argumentos. Não se vê a apresentação de projetos fundamentados em dados concretos e cientificamente validados, mas uma proliferação de fake news engendradas deliberadamente para confundir os eleitores, e não para convencê-los.

O método de engajamento é o ódio. Escolhe-se um inimigo ou inventa-se um, e a partir daí, basta insuflar a torcida mais aguerrida para proferir insultos e impropérios contra o adversário. A ideia é manter a torcida unida e constranger, ameaçar o adversário, intimidar para que abandone o jogo. Afinal, quem joga enfrenta o risco de perder. E perder é algo inaceitável na situação atual.

Não é por acaso que o país vai mal. Deveríamos estar tentando construir um país melhor, mas muitos dirigentes públicos estão preocupados apenas com seu projeto pessoal e não com o, da coletividade. Construir grandes obras exige que as pessoas se entendam, conversem, estabeleçam parcerias e trabalhem em conjunto. Como fazer isso, se o diálogo deu lugar às ofensas e ameaças.

Assim, não há evolução. Onde não há diálogo, onde não há respeito, os projetos não prosperam, as ideias não se materializam, os resultados não são satisfatórios.

Ricardo Prado Pires de Campos, presidente do Movimento do Ministério Público Democrático (MPD), publicou na coluna MP e Democracia em O Estado de S. Paulo, no dia 26 de maio, o artigo intitulado “O debate público e as instituições brasileiras”. O autor é professor de Direito Penal em curso de pós-graduação, possui mestrado em Direito Processual Penal, foi promotor e procurador de Justiça (1984-2019) e, atualmente, preside o MPD.

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